No cenário cinematográfico contemporâneo, é quase raro encontrar filmes que se aprofundam na vida e nos relacionamentos da terceira idade com a mesma sensibilidade e honestidade que “Horizonte“.
Dirigido por Rafael Calmeni, com distribuição da A2 Filmes e estrelado por um elenco de peso, incluindo Suely Franco e Raymundo de Souza, o filme mergulha profundamente nas complexidades emocionais de seus personagens principais, Rui e Jandira (Ana Rosa).
A narrativa é habilmente construída em torno do tema da solidão na terceira idade, explorando como os protagonistas buscam conexão e significado em suas vidas após enfrentarem perdas e desafios pessoais.
Rui, interpretado com nuance por Raymundo de Souza, é apresentado como um homem solitário que, após a morte do irmão, se vê em uma jornada de autodescoberta ao se mudar para uma vila de idosos.
A atuação de Raymundo transmite com maestria a vulnerabilidade e a determinação de Rui, enquanto ele busca redefinir seu propósito e encontrar um novo horizonte em sua vida.
A descoberta mútua do amor e da intimidade na terceira idade é retratada com sensibilidade, desafiando estereótipos e celebrando a capacidade humana de se conectar independentemente da idade.
No entanto, o filme não hesita em confrontar as realidades dolorosas da vida, incluindo relações familiares complicadas e a fragilidade da saúde física e mental.
As performances de Alexandra Richter e Pérola Faria como mãe e filha oferecem uma visão comovente das dinâmicas familiares.
Raymundo de Souza e Ana Rosa entregam performances excepcionais, capturando a fragilidade e a esperança de dois corações solitários que se encontram em meio à escuridão.
O ritmo acelerado do relacionamento de Rui e Jandira pode surpreender alguns, mas é precisamente essa urgência que dá ao filme sua força emocional. Em meio a belas canções e momentos de encantamentos, assistimos o florescer de um amor que desafia todas as expectativas e convenções sociais.
No entanto, a rapidez com que seu romance se desenrola não diminui sua autenticidade. Pelo contrário, é essa intensidade que torna sua conexão tão profundamente comovente. É como se, ao encontrarem um ao outro, Rui e Jandira descobrissem uma segunda chance para a felicidade, uma oportunidade de redescobrir a beleza e a alegria da vida, independentemente da idade
Embora “Horizonte” seja em grande parte uma experiência emocionalmente envolvente e gratificante, há momentos em que o filme tropeça, principalmente nas cenas musicais que, por vezes, parecem excessivas e distraem da narrativa principal.
Algumas performances secundárias, particularmente as de Arthur de Farah e Ronan Horta, mostram a falta do mesmo impacto e profundidade encontrados nos principais membros do elenco.
No entanto, essas falhas são em grande parte ocultadas pelo brilho do filme como um todo.
Com uma direção habilidosa, um roteiro comovente e performances excepcionais, “Horizonte” consegue capturar a essência da experiência humana na terceira idade, oferecendo uma reflexão sincera sobre o amor, a solidão e a busca contínua por significado e conexão, independentemente da idade.
Horizonte está em cartaz nos cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Ponta Grossa, Porto Alegre, Palmas, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte.
Ficha técnica:
HORIZONTE
Brasil | 2024 | 108 min. | Romance – Drama
Título Original: Horizonte
Direção: Rafael Calomeni
Roteiro: Dostoiewski Champangnatte
Elenco: Suely Franco, Raymundo de Souza, Alexandra Richter, Ana Rosa, Pérola Faria, Ronan Horta, Arthur de Farah, Paulo Vespúcio
Distribuição: A2 Filmes