Crítica | Rivais: a gente torce pela briga

Suor, pés e músculos em uma partida de tênis onde um triângulo amoroso compete pelos pontos além da vitória.

Só quem já perdeu o fôlego assistindo a uma partida de qualquer campeonato esportivo sabe, pelo menos um pouco, qual é a sensação de assistir a Rivais.

O diretor Luca Guadagnino, responsável pelo terror romântico Até os Ossos (2022), Me Chame pelo seu Nome (2017) e pelo intenso remake de Suspiria (2018), mais uma vez constrói uma relação vigorosa com o público, fazendo até mesmo gotas de suor e gemidos tornarem-se hipnóticos nesta narrativa de deixar queixo caído.

Zendaya em Rivais. Foto: Metro Goldwyn Mayer Pictures – © 2023 Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Inc. All Rights Reserved.
Zendaya em Rivais. Foto: Metro-Goldwyn-Mayer Pictures – © 2023 Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Inc. All Rights Reserved.

O filme tem sua linha do tempo encadeada em uma competição classificatória de tênis chamada Challenger, onde disputam dois grandes nomes do cenário, Art Donaldson (Mike Faist), um atleta prodígio, e Patrick Zweig (Josh O’Connor), que jamais deixou de lado a paixão pela vitória, mesmo trazendo consigo uma bagagem nômade e prejudicada.

Enquanto a partida se desenrola em uma série de erros e pequenos deslizes cometidos por Art, que vive uma fase complicada de sua carreira a beira da aposentadoria, o filme se desencadeia em uma série de flashbacks que contam como essa dupla de adversários se relacionavam no passado.

Os dois eram jovens aspirantes atletas, conhecidos como “Fogo e Gelo”, que dividiam os mesmos sonhos: a profissionalização no tênis, a fama, o dinheiro da publicidade e, então, o coração da jovem atleta prodígio, Tashi (Zendaya).

Tashi é sagaz e determinada a tomar as decisões mais polêmicas, desde que sejam as melhores para ela. E é isso que se vê desde o momento em que a dupla de amigos almeja e compete literalmente por ela.

A garota é ousada e vê uma oportunidade de escolher o melhor para um encontro, mas sem antes brincar com as emoções e com o prazer de Art, Patrick e para o voyeur que se torna o espectador de Rivais. Zendaya entrega uma atuação forte, expressiva e poderosa.

Foto Metro-Goldwyn-Mayer Pictures – © 2023 Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Inc. All Rights Reserved.

Josh O’Connor transita habilmente em uma linha tênue com seu personagem, evitando cair na caricatura do ‘babaca’ enquanto mantém sua presença cativante. Seu charme, carisma e seu timing cômico são evidentes. Por outro lado, Mike Faist, segue um caminho oposto. Com uma transformação física notável, ele personifica um personagem mais sereno e romântico, porém igualmente ambicioso.

No filme “Rivais” a história não se prende em convencer quem é o certo ou o errado. Em vez disso, mostra três personagens complexos, movidos tanto pela lógica quanto pela paixão, cometendo erros muito humanos.

O tênis é, como a própria Tashi diz, comparado a um relacionamento, exigindo paixão e dedicação dos jogadores. E quando elas faltam, o relacionamento é abalado.

Luca Guadagnino usa habilmente a tensão do triângulo amoroso para fortalecer a narrativa, mantendo o tênis como um elemento essencial, mas não o único foco da trama. É preciso falar da química e das sensações que cada uma das cenas muito bem dirigidas consegue gerar no espectador.

Mike Faist e Josh O'Connor em Rivais. Foto Metro Goldwyn Mayer Pictures – © 2023 Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Inc. All Rights Reserved.
Mike Faist e Josh O’Connor em Rivais. Foto Metro-Goldwyn-Mayer Pictures – © 2023 Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Inc. All Rights Reserved.

Mesmo sem fazer uso de cenas de sexo, o filme se apoia na excitação com detalhes que complementam toda a montagem, indo da cena emblemática do beijo triplo que fisgam os personagens (e quem assiste), músculos, suor, pés (para quem gosta) e até uma cena de tirar o fôlego onde os dois dividem um pedaço de churros com muito açúcar. Este parágrafo foi difícil de escrever, admito.

Um acidente altera definitivamente o curso da carreira de Tashi, levando-a a se tornar treinadora de Art, além de sua esposa e mãe de sua filha. Treze anos depois, em meio a muitas reviravoltas românticas, Art e Patrick se enfrentam novamente na partida de tênis que liga toda a narrativa. Enquanto isso, Tashi mantém viva a ambição e a determinação de uma jogadora, encontrando-se no meio dos dois em um confronto que vai muito além de ganhar um troféu.

O filme utiliza slow motion e jogos de câmera com ângulos e enquadramentos geniais para criar uma atmosfera lascívia, em muitos momentos o filme pode ser assistido como se estivesse vendo uma partida intensa de tênis diretamente das arquibancadas e até mesmo na perspectiva da bola que voa pelo campo.

Rivais é uma partida que cria uma enorme expectativa pelo final, que, ao mesmo tempo, te faz não querer largar tudo aquilo que proporciona. Com uma mistura envolvente de paixão, romance e drama, Guadagnino mais uma vez prova sua maestria como diretor, pontuando “Rivais” como uma obra-prima.

Rivais estreia nos cinemas brasileiros no dia 25 de abril.

Esta crítica foi produzida a partir de uma cabine de imprensa a convite da Warner Bros. Pictures.

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Robson Netto

Robson é o criador do Que Tar. Nascido em Ponta Grossa, a verdadeira capital da Rússia Brasileira. Enquanto não for processado, vai tentar trazer muito conteúdo e informações cheias de humor.

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