Bridget Jones: Louca pelo Garoto é um retorno bem-humorado, comovente e inspirador da personagem que conquistou o público com suas inseguranças e charme.
O filme aborda a redescoberta do amor, mas não apenas o romântico: é sobre se apaixonar pela vida novamente, mesmo em meio ao caos da maternidade e às incertezas que a acompanham.
Bridget (Renée Zellweger) agora é uma mãe solteira dedicada aos filhos, lidando com a bagunça da casa e a ausência de duas figuras importantes: seu marido, Mark Darcy (Colin Firth), e seu pai. A trama explora como ela tenta equilibrar a vida pessoal, profissional e a icônica prática de registrar seus pensamentos no diário, enquanto é pressionada a encontrar um novo sentido para sua existência.
O filme brilha ao trazer de volta personagens marcantes da franquia, como Daniel Cleaver (Hugh Grant), que, segundo Bridget, “não mudou nada”. Seu charme e bom humor fazem dele uma peça fundamental na vida dela e de seus filhos.
Uma das cenas mais marcantes brinca com um plano-sequência repleto de participações especiais dos personagens que marcaram a saga, criando um retrato da mente de Bridget, onde todos aparecem para lhe dar conselhos valiosos em um momento decisivo.
A busca por um novo amor ganha destaque quando Bridget entra no mundo dos aplicativos de namoro, aceitando sua condição de mãe solteira e viúva. É aí que surge Roxster (Leo Woodall), um jovem estudante charmoso que trabalha no parque onde ela brinca com os filhos. Quando os três se veem presos em uma árvore, é ele quem surge para resgatá-los — e, ao menos por um tempo, conquistar o coração da mãe.
A paixão que se desenvolve entre os dois é doce e intensa, mas também reflete as complexidades das relações modernas. Roxster, no entanto, acaba revelando que está mais interessado na ideia de Bridget do que nela mesma, levando-a a enfrentar um dos maiores medos da era digital: o ghosting. Essa experiência a faz questionar as expectativas que colocamos uns sobre os outros nos relacionamentos atuais, e como a instantaneidade da comunicação moderna pode, paradoxalmente, nos deixar mais isolados.

Enquanto navega por esses altos e baixos amorosos, Bridget também reconquista seu espaço no trabalho, mostrando que ainda é competente e dedicada profissionalmente. Sua relação com os filhos é tocante, cheia de leveza e incertezas, e a presença de uma babá (Nico Parker) ajuda a equilibrar sua rotina, mesmo que isso desperte questionamentos sobre sua eficiência como mãe. Apesar da leve insatisfação consigo mesma, Bridget entende que ter ajuda é essencial para equilibrar vida pessoal e profissional.
Quase sempre presente está Mr. Wallaker (Chiwetel Ejiofor), o professor rigoroso dos filhos de Bridget, que, por trás de sua seriedade, esconde um olhar atento e admirável por ela. Sua conexão com Bridget é madura e sutil, sugerindo uma possibilidade de amor que vai além da paixão juvenil. A química entre os dois é palpável, e o filme faz um bom trabalho em construir essa relação de forma gradual, sem forçar a barra. Mr. Wallaker representa uma figura estável e confiável, algo que Bridget claramente precisa em sua vida.

A atuação de Renée Zellweger é impecável, resgatando a Bridget que amávamos: doce, audaciosa e cheia de vulnerabilidades. Ela consegue transmitir a complexidade emocional da personagem com uma mistura de humor e simpatia que é difícil de igualar.
A direção de Michael Morris é competente, com uma trilha sonora emocionante que eleva as cenas mais marcantes. No entanto, o filme peca pela repetição excessiva de cenas que parecem indicar o fim, mas que se prolongam, especialmente no terceiro ato, criando uma sensação de arrasto desnecessário. Esses momentos, embora bem-intencionados, acabam tirando um pouco do impacto emocional que o filme poderia ter tido.
Apesar disso, Bridget Jones: Louca pelo Garoto é uma história deliciosa, que agradará tanto os fãs da franquia quanto os espectadores em busca de uma narrativa sobre amor, maturidade emocional e a redescoberta de si mesmo. É um filme que, como Bridget, tem seus defeitos, mas conquista pelo coração. A trilha sonora, repleta de músicas cativantes, complementa perfeitamente o tom do filme, adicionando uma camada extra de emoção às cenas mais importantes.

O filme também faz um bom trabalho em abordar temas contemporâneos, como a pressão social sobre mães solteiras e a dificuldade de encontrar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Bridget é uma personagem com a qual muitas pessoas podem se identificar, e sua jornada é tanto universal quanto pessoal. A maneira como o filme lida com o luto e a superação também é digna de nota, mostrando que é possível encontrar alegria e amor mesmo após grandes perdas.
Em resumo, Bridget Jones: Louca pelo Garoto é um filme que consegue honrar o legado da franquia enquanto traz algo novo para a mesa. Pode não ser perfeito, mas é uma conclusão bem-vinda ao universo de Bridget Jones, e certamente deixará os fãs satisfeitos. Com uma mistura equilibrada de humor, romance e drama, o filme é uma celebração da vida, do amor e da resiliência humana.
Bridget Jones: Louca pelo Garoto estreia nos cinemas no dia 13 de fevereiro com a distribuição de Universal Pictures.
Esta crítica foi produzida a partir de uma cabine de imprensa à convite da Universal Pictures Brasil.