Esta crítica de Abigail contém spoilers.
Se tem uma coisa que você pode esperar de Abigail é muito sangue, até demais. A dupla de diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett da Radio Silence, responsáveis por Pânico (2022), Pânico 6 e Casamento Sangrento, não economiza nos baldes de tinta vermelha para contar a história da menina vampira Abigail.
Para quem gostou da brincadeira de pega-pega cheio de explosões de que foi Casamento Sangrento (2019), estrelado por Samara Weaving, também vai torcer pela correria e sustos que Abigail consegue dar durante os 110 minutos de duração.
Abigail é interpretada pela atriz Alisha Weir, que brilhou no papel de Matilda: O Musical (2022). Desta vez, mais uma menina poderosa aparece nas telas, só que agora com desejos de sangue e uma boca bem suja.
A introdução é rápida, conhecemos a indefesa garota, até então, em uma apresentação de ballet para um público vazio em um imenso teatro enquanto um grupo de criminosos se prepara para raptá-la.

Durante o trajeto, a narrativa apresenta os integrantes do grupo, liderados por Dan Stevens (A Bela e a Fera), Melissa Barrera (atriz da franquia Pânico demitida após publicar sobre o confronto entre Israel e Palestina), Kathryn Newton (Freaky – No Corpo de um Assassino), Angus Cloud (ator falecido em 2023, famoso pela série Euphoria), Kevin Durand (Legião), William Catlett (Constelação) e Giancarlo Esposito (Breaking Bad).
O sequestro é bem-sucedido e acontece logo nos primeiros minutos do filme de um modo estranhamente fácil, afinal esse é de longe o menor obstáculo do grupo. A missão só pode ser considerada finalizada após a efetivação do pagamento de 50 milhões de dólares, segundo Lambert (Esposito), o contratante do grupo e conhecido de Frank (Stevens).
Nenhum dos integrantes se conhece ou usa seus verdadeiros nomes, mas uma delas, apelidada de Joey (Barrera), tem uma ótima habilidade de descobrir os segredos das pessoas, mas que demonstra uma fragilidade (ex-viciada em drogas e o apelo para os doces para controle da abstinência).
Abigail é acordada e tem como “cuidadora” a personagem de Melissa Barrera, que é médica, mãe e sabe muito bem como sedar alguém. Joey não aceita muito bem que está participando do sequestro de uma criança, fazendo de tudo para amenizar a situação oferecendo tranquilidade para a assustada e confusa Abigail.
Enquanto os personagens descobrem que estão presos dentro da antiga mansão cativeiro, após um deles tentar fugir ao descobrir que a menina é, na verdade, filha de um poderoso e perigoso chefe do crime, surgem as dúvidas pelos motivos que os tornaram as verdadeiras vítimas ao lado de Abigail.
Uma tristeza que o personagem de Angus Cloud, Dean, um piloto de fuga imaturo, de fala mansa e ainda jovem no ramo do crime, tenha sido um de seus últimos trabalhos. O personagem é o primeiro a sair de cena em Abigail, sendo a sua morte ainda um mistério, mas bem construída, pois confunde até o espectador que já sabe quem é o grande vilão do filme. E assim, o próximo a ser morto misteriosamente é o Rickles (Catlett).

Ao encararem que estão presos e na iminência de serem os próximos mortos “supostamente” pelos capangas do pai de Abigail, a equipe presencia a revelação da verdadeira natureza da garota, que escapa facilmente das algemas e mostra seus dentes afiados.
A narrativa entrega pistas que Abigail não é uma simples garota desde que o grupo chega até a mansão as pinturas nas paredes de uma criança misteriosa muito parecida com Abigail junto a uma figura masculina alta de capa e esculturas espalhadas já denunciam para olhos atentos do espectador que aquela casa é uma armadilha.
Quando se percebe que Abigail não faz esforços para perseguir os sobreviventes do grupo e que tudo aquilo para ela é apenas uma brincadeira sangrenta, o filme se esforça para prender a atenção do espectador, usando de jogadas de blefe, piadas e muito sangue.
Sammy (Kathryn Newton), é mordida por Abigail e por um momento se questiona se também vai tornar-se uma vampira. A personagem até brinca com referências a outros filmes de vampiro, usando um alho e crucifixo para tentar lutar contra Abigail.
Eventualmente, a personagem de fato se transforma em vampira e é controlada mentalmente por sua criadora em uma cena um tanto constrangedora de dancinha de ballet (faltou apenas um tripé para gravar para o TikTok).
A história segue na tentativa de ser contada sem que se percebam alguns erros perigosos para a montagem, como um dia passar rápido demais e a transformação de Sammy ter demorado mais que a de outro personagem, mas compensados pelo banho de sangue causado pelas explosões causadas pelo sol e pelas estacas enfiadas no peito do vampiro Lambert (Esposito).
Que a personagem de Barrera iria ser uma final girl, todos esperavam, mas o que torna Abigail menos interessante em seu desfecho é a fraca tentativa de tornar a pequena vampira em uma aliada de Joey na luta final contra o vampiro Frank. A luta é bem-produzida e bacana de prestigiar, e acaba obviamente em mais sangue.

Abigail poderia ter acabado ali, com a cansada e ensanguentada Joey sendo liberta pela bailarina dos dentes afiados, sem a necessidade de apresentar o personagem de seu pai, interpretado por Matthew Goode, figura que até mesmo anuncia que já teve vários nomes, mais um clichêzinho básico.
Mesmo assim, Abigail é um ótimo filme que se mantém fiel à essência, entregando sustos, risadas, banhos de sangue e uma bailarina vampira para assombrar os pesadelos de crianças mal comportadas e adultos criminosos.
Abigail está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil com distribuição da Universal Pictures.
Esta crítica foi produzida a partir de uma cabine de imprensa à convite da Universal Pictures.