Crítica | A Vingança de Cinderela: muito drama e pouco sangue

“A Vingança de Cinderela” promete em seu título uma história de revanche intensa, mas o que se desenrola na tela está mais para um drama adolescente mal resolvido.

O filme do do cineasta Andy Edwards começa com uma cena de perseguição, onde o pai de Cinderela foge desesperadamente por uma floresta medieval, sendo caçado por homens perigosos. Contudo, a tensão inicial se esvai rapidamente com a abordagem confusa do enredo e a caracterização fraca dos personagens.

O pai, embora acusado de roubar valiosas joias persas, passa mais a impressão de uma vítima indefesa do que de um vilão. A introdução da madrasta como a verdadeira responsável pelo crime não é uma surpresa, mas sim uma reafirmação de um clichê já desgastado.

A Vingança de Cinderela - Divulgação: A2 Filmes
A Vingança de Cinderela – Divulgação: A2 Filmes

O elemento de novidade que o filme tenta trazer é o uso de uma máscara demoníaca, utilizada por um dos capangas da madrasta. No entanto, esse diferencial estético pouco acrescenta à narrativa, que segue previsível e sem grandes reviravoltas.

A jovem Cinderela, interpretada por Lauren Staerck, fica presa em um ciclo de maus-tratos, forçada a viver como uma criada. O problema é que essa construção dramática não consegue despertar a empatia esperada, resultando em uma protagonista passiva diante da opressão.

O enredo segue o curso tradicional até a chegada do convite do rei para o baile, onde o príncipe escolherá sua noiva. Mas aqui, o filme se perde em sua tentativa de modernizar o conto.

A Fada Madrinha (Natasha Henstridge), que deveria ser um símbolo de esperança, transforma-se em uma figura excêntrica, cruzando as fronteiras do tempo e do espaço para confeccionar o vestido de Cinderela.

A Vingança de Cinderela - Divulgação: A2 Filmes
A Vingança de Cinderela – Divulgação: A2 Filmes

Ícones contemporâneos como Christian Louboutin e Vidal Sassoon são invocados magicamente para a criação do look de gala, e Elon Musk aparece como o motorista de uma abóbora transformada em carro elétrico.

Embora essas referências tenham a intenção de gerar humor, acabam destoando completamente da atmosfera medieval e parecem forçadas, tirando o espectador da imersão.

A grande frustração, no entanto, chega ao ponto em que a vingança de Cinderela deveria tomar forma. Espera-se que a revelação da morte de seu pai fosse o estopim de uma jornada de justiça ou ao menos de libertação. No entanto, o modo como essa informação é transmitida a ela é superficial e sem impacto emocional. Pior ainda, a punição que Cinderela recebe das irmãs – chicotadas infligidas por puro ciúmes – soa exagerada e deslocada.

E a violência gráfica que se segue, incluindo uma cena em que uma das irmãs mutila seu próprio pé para caber no sapatinho de cristal, acaba gerando constrangimento, em vez de choque ou tensão.

A Vingança de Cinderela - Divulgação: A2 Filmes
A Vingança de Cinderela – Divulgação: A2 Filmes

Embora o filme tenha elementos de brutalidade e sangue, a execução falha em criar uma verdadeira atmosfera de horror ou suspense. Cinderela, ao receber a máscara demoníaca da Fada Madrinha, deveria finalmente encontrar a força necessária para se vingar, mas o que vemos é uma protagonista que continua vulnerável, apanhando mais do que batendo.

Isso não só frustra o espectador que espera por uma resolução mais catártica, como também prolonga o sofrimento de forma desnecessária, tornando o ritmo do filme arrastado e tedioso.

Um dos pontos positivos do filme é a ambientação. Os cenários, embora limitados, conseguem capturar um ar medieval e fantasioso. No entanto, a fotografia mal dirigida faz com que as cenas pareçam retiradas de um documentário, sem a magia e o encanto que um conto de fadas sombrio deveria ter.

A Vingança de Cinderela” poderia ter sido uma interessante releitura de um clássico, mas sua execução falha em vários aspectos, desde a narrativa previsível até os diálogos desinspirados. Nem mesmo os fãs de filmes trash, acostumados a obras de baixo orçamento e com temas exagerados, encontrarão aqui um motivo para se entusiasmar.

O filme deixa a sensação de que tentou demais ser irreverente, mas sem a coesão necessária para sustentar sua proposta.

“A Vingança de Cinderela” estreia nos cinemas no dia 05 de setembro, distribuído pela A2 Filmes.

Esta crítica foi produzida a partir de uma cabine de imprensa promovida pela A2 Filmes.

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Robson Netto

Robson é o criador do Que Tar. Nascido em Ponta Grossa, a verdadeira capital da Rússia Brasileira. Enquanto não for processado, vai tentar trazer muito conteúdo e informações cheias de humor.

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